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porIrene Maluf

Resiliência: um tema para repensarmos a educação de hoje

Todos nós, ao longo da vida passamos por muitos momentos alegres e numerosas situações difíceis, onde nossa capacidade de tolerância à frustração foi duramente posta à prova. O que nem sempre lembramos é que foram essas ocasiões de perdas, de dor, juntamente com a forma como as superamos, que  nos moldaram e nos tornaram quem somos hoje.

Existe uma palavra, emprestada da engenharia e da física, que explica muito bem porque e como algumas pessoas superam melhor do que outras, os revezes do dia a dia e conseguem tirar das situações mais difíceis, forças e capacidade de se reinventarem: é a resiliência.

Essa palavra tem sua origem no latim, Resílio, que significa retornar a um estado anterior. Na engenharia e na física ela é definida como a capacidade de um corpo físico voltar ao seu estado normal, depois de ter sofrido uma pressão que o deformou e nas ciências humanas designa a capacidade de um indivíduo, (re) construir-se frente às adversidades sofridas, mesmo num ambiente desfavorável.

Os estudos sobre a resiliência ainda não conseguiram concluir nada de muito claro sobre a origem dessa competência, ou seja se há alguma condição inata que favoreça o seu aparecimento ou se seu desenvolvimento se deva aos tipos de situações experimentadas pela pessoa, ou ainda se há necessidade de uma combinação articulada entre esses fatores.

Entretanto, hoje, vários estudiosos estão aprofundando suas pesquisas a partir de uma constatação inegável: a educação oferecida às crianças tem imensa influência no desenvolvimento de certas qualidades que a maioria das pessoas possui, mas que precisam ser corretamente estimuladas e vivenciadas no dia a dia. É o modelo, o exemplo e os princípios educacionais que fazem a diferença na hora de precisar reagir frente a uma situação de perda, frustração e dor.

Não se trata de nada que todos os pais não saibam ou nunca tenham ouvido falar, mas são ações importantes que infelizmente passam de modo as vezes pouco valorizado no dia a dia :falamos de disciplina, regras e conseqüências. Falamos de uma educação de valores, de respeito, onde se fazem constantes, freqüentes reflexões sobre atitudes, sobre valorização do potencial e autoconhecimento, onde são múltiplas as ações que estimulam a auto estima, a segurança pessoal e a empatia pelos demais.

Crianças educadas dentro desse perfil, alcançam com mais facilidade a autonomia, a independência responsável, e a capacidade de encontrar novas alternativas para resolução de situações problema e sentem-se no controle da forma como devem reagir frente às frustrações e sair renovado.

Não é demais recordar também, que não sendo centrados apenas nos seus interesses pessoais, os jovens criam recursos internos que lhes permitem descobrirem outras fontes de satisfação as quais não dão espaço que caminhos aparentemente compensatórios, como drogas e álcool, os dominem. Reconhecem por meio da aprendizagem dos modelos familiares, as possibilidades de enfrentamento das frustrações através dos vínculos afetivos estabelecidos no dia a dia, na aceitação das diferenças individuais, no reconhecimento familiar de suas qualidades, na importante sensação de pertencer a um grupo.

Educadas para serem fortes mas sensíveis, as crianças e jovens descobrem e reinventam objetivos de vida após as perdas e aprendem a construir estratégias para alcançar essas metas, encontrando em si próprios, motivação para continuar o seu crescimento saudável. E mais importante ainda, é que ao invés de saírem enfraquecidos após enfrentarem grandes problemas, elas sentem-se mais competentes para encarar os novos desafios inerentes à vida.