Quantas vezes, ao olhar para as notas escolares dos filhos, os pais dizem: “Pelo menos em Artes você conseguiu alcançar a média!”? E ao invés de estimularem a criança a continuar tendo sucesso nessa disciplina, a desencorajam! E fazem seu filho perder uma grande oportunidade de melhorar sua autoestima, desenvolver interesse pelos estudos e ambicionar se destacar também nas demais disciplinas.
Estudos científicos recentes têm provado que a prática de uma expressão da arte é importante, e até indispensável, para a educação das crianças, já que esta amplia a percepção, a afetividade, a memória, a capacidade atencional e de concentração, assim como o planejamento, organização e antecipação, expressão, além da imaginação, do sentido estético e da criatividade, que são pré-requisitos básicos e essenciais para o desenvolvimento harmônico de toda a escolaridade.
A música, por exemplo, é ligada à capacidade de aprendizagem da Matemática e está também intimamente relacionada ao desenvolvimento das funções da linguagem e da expressão verbal. Não é à toa que as crianças de todo o mundo passam seus anos pré-escolares aprendendo a cantar, a tocar algum instrumento, a dançar, desenhar e pintar: nosso cérebro requer tais atividades para revelar seu melhor potencial de aprendizagem. Por que, então, depois dessa fase, algumas pessoas deixam de dar crédito a essas atividades que estimulam todos os sentidos, seja auditivo, o tátil, o visual e o cinestésico? Isso sem falarmos das questões relacionadas à autoestima, principalmente das crianças portadoras de distúrbios de aprendizagem, que fortalecem, através do seu contato com a arte, a motivação catalisadora de condições neurológicas, que propiciam melhores condições de aproveitamento da escolaridade.
A arte estimula também as crianças e jovens a superarem seus problemas de timidez, insegurança, dificuldade de relacionamento social e é conhecida a importância que tem no tratamento de pessoas mentalmente prejudicadas.
A inegável importância do cérebro no processo de aprendizagem tem levado muitos educadores e psicopedagogos a buscarem nas contribuições da Neurociência uma maior compreensão do processo de aprendizagem e novos recursos para facilitar seu trabalho nas classes e no consultório.
Diferentes estudos neurocientíficos comprovam que a aprendizagem ocorre quando dois ou mais sistemas funcionam de modo inter-relacionado: assim, interligar as artes de modo geral, e a música mais especificamente, nas atividades pedagógicas, resulta em uma experiência que promove a cooperação simultânea do sistema visual, auditivo e tátil. A musicalização, por exemplo, favorece a cognição, a afetividade, a psicomotricidade, a comunicação e a cooperação, fatores essenciais na alfabetização.
As pesquisas de Michael Gazzaniga, um respeitado neurocientista da atualidade, objetivam descobrir como a arte influencia a cognição das crianças. Através de técnicas de imageamento cerebral, em um estudo de vários anos, constatou que a observação de obras de arte gera a motivação e a atenção sustentada e ativa diversos circuitos cognitivos do cérebro.
Quando um aluno demonstrar interesse pela arte, os professores e os pais devem se recordar da importância que esta tem para a aprendizagem e se lembrarem, na medida do possível, de aproveitarem o sucesso das crianças nessas atividades em favor do seu envolvimento e desenvolvimento escolar.
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