 porIrene Maluf
				porIrene Maluf
								
							Diferentemente dos outros animais, o filhote humano tão desprotegido
 ao nascer de recursos para sobreviver por si só, revela durante seu
 crescimento, interessantes aparatos neuropsicosociais que lhe permitem
 dominar com inegável competência, variáveis de autocontrole nas áreas tanto cognitiva quanto afetiva, o que tem grande importância na prática educacional e especificamente no diagnóstico e intervenção psicopedagógica.
 Entre muitos pesquisadores da atualidade, os médicos e os
 neurocientistas produzem importantes trabalhos onde apontam os
 componentes biológicos da aprendizagem e da expressão emocional e com
 sucesso descrevem as funções e integrações entre várias estruturas cerebrais,  como por exemplo a do sistema límbico (o também denominado “cérebro  emocional”), com o córtex frontal, região nobre do cérebro humano envolvida  na razão, planejamento, pensamento abstrato e outras funções cognitivas  complexas, além da função motora.
 As pesquisas mostram entre outras tantas informações, que se
 interrompidas essas conexões entre o “cérebro emocional” e o córtex frontal,  devido a situações de perigo que gerem medo, o pensamento e a ação do  indivíduo são descontinuadas para priorizar o surgimento de uma reação  corporal indispensável para a sobrevivência.
 -E daí? -podem perguntar, que relação há entre a situação de um aluno
 em sala de aula com esse rompimento entre as duas funções cerebrais,
 causada pelo medo? Acontece que o medo é uma das seis emoções primárias  ou universais (alegria,tristeza,medo,cólera,surpresa e aversão), que surge não  apenas quando nos sentimos fisicamente ameaçados, mas quando nossa  situação de conforto, bem estar, segurança afetiva e social podem estar em  risco, como no caso de crianças com baixa auto estima, com dificuldades de  aprendizagem, com conflitos afetivos, que sofrem violências físicas e  emocionais de toda ordem, atravessam um período de luto, etc.
 Nesses contextos, é de se esperar que as emoções tenham um papel
 decisivo na educação formal, na capacidade de manter a atenção e de
 aprender. Tanto o comportamento social quanto o desempenho escolar podem  ser prejudicados pelos problemas afetivos, apesar de não haver uma perda nos  aspectos cognitivos.
 Os professores e os psicopedagogos, podem utilizar-se dos
 conhecimentos da neurociência para deles extrair respaldo para estabelecer  novas estratégias de conduta profissional, que facilitem alcançar o sucesso em  seu trabalho e assim promover uma condição facilitadora da aprendizagem de  todos os alunos.

 Reconhecer que o cérebro humano é a sede da emoção e da razão, não
 está mais em discussão entre os profissionais das diferentes áreas há várias
 décadas e menos ainda hoje, quando o podemos constatar através de múltiplas  pesquisas e com uso inclusive das neuro imagens. Mas a operacionalização, a  aplicação desses conhecimentos na prática, sem dúvida ainda requer um longo  trajeto de estudo e aprofundamento de todos nós que trabalhamos com a  educação.